sexta-feira, 2 de março de 2012

"AMORES IMAGINÁRIOS"


 Fracis (Xavier Dolan) é amigo de Marie (Monia Chokri). Eles conhecem Nicolas (Niels Schneider). Ambos o tratam com desdém, mas apenas para disfarçar a grande atração que sentiram por ele. A partir daí se desenrola uma competição velada, uma guerra fria entre os dois amigos, pelo coração de Nic. Os dois são pessoas que já sofreram muito com relações não correspondidas e isso os afeta de diferentes maneiras. Além do mais, o fato de não se saber o que exatamente quer Nic, nem se ele é gay, nem se ele se sente atraído por algum deles, só comprova ainda mais como os amigos criam – e, acredito eu, todos nós na mesma situação – verdadeiras histórias de amor com alguém que não sente nada por eles. E como, baseados nesse fictício romance, são/somos capazes de destruir coisas tão concretas – como uma amizade tão bonita.

 Marie é uma mulher incrível: inteligente, sensível, se veste e se porta como Audrey Hepburn e ainda fuma compulsivamente no filme. Frank é bonito, super legal, culto e conta com riscos na parede do banheiro as vezes em que ele se declarou para alguém e a pessoa disse não estar interessada.


 O filme, mais uma vez, é lindamente executado. A estória principal ainda é recheada de depoimentos de pessoas que estão na mesma situação dos protagonistas – a questão do amor imaginário, não da amizade. O tempo todo há uma atmosfera de Julis e Jim: uma mulher para dois, um clássico do cinema francês dirigido por François Truffaut, acho que o filme mais famoso sobre triângulo amoroso que envolve dois amigos. Também paira o tempo inteiro a sensação de “tragédia vai acontecer e vai ser feia”. Sem contar a música de Dalida (link abaixo) que exprime exatamente como o amor pode nos reduzir a nada – e como a gente se deixa levar a esse nada.

 Vencedor de Cannes, o filme ainda conta com a participação de Anne Dorval e Louis Garrel, fazendo uma pontinha bem safada na última cena do filme.


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